domingo, 23 de janeiro de 2011


Então abra essa porta e me venha com penetrâncias, que eu cansei dessa perca de tempo, dessa espera por algo florir. E me traga a fruta ainda verde, derramando o leite do talo cortado que o tempo não conseguiu levar a progredir. E me olhes, e invada, com exuberância, mostrando a sede do teu-corpo-meu-tutor em se apoderar de mim. Pobre preza, assim, indefesa, rondando em círculos, disfarçando a procura do seu caçador. E não me venha com Joões Gilbertos, nem Tons Jobins. Bossa-nova hoje não cola com o meu tom carmim. Quero os acordes dos teus dedos nas minhas sinfonias inacabadas, minhas notas mal feitas, seu jeito falso de querubim. E te cales, e nada perguntes, e não desafies meus mistérios, só deixe fluir. 

Porque quando o leão convida, cordeiro na toca não consegue resistir.

(Laís Angeiras)





Retalho: Cansei deste blog e creio, e espero que esteja certa, que este será meu derradeiro post aqui.

domingo, 16 de janeiro de 2011



"Me escreva como um personagem, dê mil falas para minha boca. Crie um, dois, três, infinitos cenários, com infinitas possibilidades pra minha existência. Me dê as máscaras e o figurino! Me deixe ser você, ela e nós três; me deixe ser muitas, sem de fato ser ninguém. Deixe que eu exista em músicas, filmes e livros; me retrate em nuvens, cores, luzes e sonhos. E por entre flores e sóis, sem jamais terminar, sem jamais existir por completo... Continuo com meus personagens espalhados pelo mundo, sinfonia inacabada..."

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011



Agora que o Sol nasce, deixa a Lua falar o que viu. Conta-lhe que um coração que abraça sorrisos efêmeros anseia os raios que a aquecem. Explica-lhe que os dedos entrelaçados hão de durar até o próximo pôr-do-sol, e que há muitas razões para esperar. Chama o Sol, e diz tudo que não conseguiste falar. Despeja a saudade, as incertezas, mostra-lhe as tuas dores, teu ponto fraco solar. Espera um sorriso e um banho de calma, sonhos de fúria que no final te serenam a alma. Pede ao Sol uns minutos de aconchego, chama o dia para perto de ti e limpa as feridas que tens por dentro com o sal que chorares. Não deixes que o peso das noites se abata sobre ti... Conserva a calmaria do anoitecer e a lucidez do amanhecer. Porque enquanto o Sol te puder amar, a lua nunca deixará de esperar.






Texto modificado, original por Tatiana Albino:
http://segredosaospedacos.blogspot.com 

sábado, 1 de janeiro de 2011

2011



Uma prece pelos rebeldes de coração, enjaulados...

É tempo de deixar florir...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010



Eu sou mesmo assim
Meio louca e quase poeta.
Não sou alegre e nem triste
E nem tão pouco, pouco...
Eu sou muito do tudo,
E de tudo o nada.
(...)
Eu sou um coração vadio
À procura de aventuras,
Que ao mesmo tempo quer
O mundo, e na mesma hora
Não quer nada!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010


(...) Nunca notou que mulheres como eu não são fáceis de se ter. São como flores difíceis de cultivar. Flores que você precisa sempre cuidar, mas que homens que gostam de praticidade não conseguem. Homens que gostam das coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua. Você, meu homem, é que não soube cuidar. E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado.

 Seja feliz.


(C. F. A.)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



Nada jamais fora tão acordado como seu corpo sem transpiração e seus olhos-diamante, e de vibração parada. E o Deus? Não. Nem mesmo a angustia. O peito vazio, sem contração. 

Não havia grito.

(Clarice Lispector)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou... Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso...
Preciso e não quero.

(Fernanda Mello)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010




Uma pressa, uma urgência. E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer... 


Destruir antes que cresça.

(Caio Fernando Abreu)

sábado, 27 de novembro de 2010

Fim.


Chega de reticências.
Ficar esperando.
Sofrendo.
Contando saudades.
Se o amor não é possível, o melhor é colocar um fim.

E ponto.

(Fernanda Mello)