terça-feira, 21 de setembro de 2010

Das seduções...


Mais uma vez vou te chamar, gritar teu nome, só pra ver teu rosto me procurando pelas ruas da cidade, desesperado, sedento do meu cheiro, minha presença, minha malícia. Vou perturbar teus sonos, me impondo em seus pensamentos durante a madrugada. Vou te fazer revirar pelos lençóis relembrando pêlos, boca, cabelos. Sussurro em teu ouvido, enlouqueço sua cabeça, faço charme, me insinuo e vou embora. Você sabe, meu bem, a boa moça que nunca fui. Eu gosto assim: seduzir e esnobar.

Exigir café quente só pra deixar esfriar...
 
(Laís Angeiras)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dos mares da vida...


Flor entre os cabelos, olhos cor-de-mel, sardas no rosto e um sorriso de estrelas. Lá estava ela, à beira do mar aberto, tão em comunhão com aquele lugar. Ao seu lado aproximou-se um homem alto, cabelos castanhos, barba no rosto e olhos de céu.

Você sabe que esse mar de possibilidades a sua frente são tão solúveis quanto algodão doce. Não se angustie com o tamanho do vazio que seu coração habita neste momento. Afinal, liberdade é que a ausência de certezas. Essa é a hora de aprender a nadar. De pegar o bonde errado e voltar pra tentar outro caminho. Ouse. Este mar aí, e apontou para frente, é todo seu: Descubra-o.

Ela olhou para o lado, os olhos cheios de fogo, seu corpo fervilhando em pura vontade de sentir e disse:

Deve-se cultivar, a todo custo, as flores de dentro.

E mergulhou com roupa e tudo no mar infinito da vida...

(Laís Angeiras)

domingo, 12 de setembro de 2010

Do papel da vida...



Sabendo que havia quebrado um entendimento que ia além das palavras, ela sussurrou, sem jeito e cabisbaixa, um singelo pedido de desculpas esperando não mais que educação. Ele então a encarou nos olhos, seu semblante profundo e tênue. Tinha nas mãos uma folha de papel. Silenciou por alguns instantes e por fim falou, com tristeza.

Qualquer relacionamento é como esta folha. Quando nós nos decepcionamos a folha é amassada.

Então, sorrateiramente, ele espremeu a pequena folha entre suas mãos, e continuou dizendo...

Agora eu peço que tente desamassá-la. Você vai perceber que as marcas continuam e que a folha já não será mais a mesma. Assim aconteceu conosco.

Ela agora tinha os olhos banhados por lágrimas. A tristeza a elegeu para ser fonte de orvalho naquele momento.* Tinha a certeza de que a situação fugira de seu controle, como água escorrendo nos dedos, fugindo em direção ao mar.

Ele levantou e, dando as costas, seguiu andando. Foi quando de súbito um fio de esperança lhe apareceu, e ela gritou com a voz embargada.

Sabe a folha amassada? Eu te darei outra nova, limpa, em branco. Mas você precisa aceitar escrever comigo novamente, você precisa querer, precisa se permitir, nos permitir...

Ele virou para ela e sorriu com o canto da boca. E no coração daquela garota ela acreditou, com todas as suas forças, que aquilo seria um sim...

Aquarela na cor azul...

(Laís Angeiras)
*Trecho da invejável Marla de Queiroz.

Retalho de uma conversa com uma pessoa mais que especial.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Da vivência...



Entenda, Helena, que o pra sempre existe, mas não é todo dia. Aprenda que a beleza da vida, minha flor, é a certeza de que a morte chega adiante. Então deixe esta cadeira, tire a poeira dos livros, abra as janelas de dentro, que o tempo consome. Deixe o sol entrar e esquentar a casa, a vida, o coração... 

(Laís Angeiras)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Mentiras sinceras me interessam...



Eu quero que você invada, não bata na porta, nem seja educado. Se aposse, devore, envolva. Me acabe, me mostre. Como quem bebe em goles grandes de euforia. Não fale nada, somente possua. Sem restrições, sem medos. Deixando claro em cada gesto a euforia correndo pelas veias, dilacerando, florescendo no prazer. E só então, quando a excitação acabar, susurre no meu ouvido, baixinho, só pra disfarçar, que você me ama, infinito e profundo, e talvez eu corra o risco de acreditar...

(Laís Angeiras)

domingo, 5 de setembro de 2010

Boas novas...


Poetas e loucos aos poucos
Cantores do porvir
E mágicos das frases
Endiabradas sem mel
Trago boas novas
Bobagens num papel
Balões incendiados
Coisas que caem do céu
Sem mais nem porquê...
(Cazuza)




quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Descoberta


Sai, que já não te quero mais
Sai, porque hoje eu descobri
Que posso viver sem ti
Que posso viver em paz
Muito bem sem teu amor
Sai, porque agora eu sou
Um homem bem mais feliz
Um homem bem mais feliz

Vai, que hoje a lágrima não cai
Sei agora o mal que faz
Dar amor a quem não ama
Dar amor a quem só traz
Ódio e desilusão
Que maltrata um coração
Precisando de carinho
Precisando de carinho

Minha amada
Não consigo mais viver ao lado teu
Não consigo mais te dar o meu amor
Hoje vivo muito bem sem tua boca
E sozinho não conheço mais a dor

(Marcelo Camelo)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

"Existe sempre alguma coisa ausente...."


É que a saudade me abraça e embala o meu sono. Aqui deitada vou fingindo viver o que já nem sei. Pedaços de sonhos, fragmentos, retalhos das minhas ilusões. Nada me completa, e tudo soa num vazio constante. A ausência latente de não-sei-oque borbulhando no meu peito. E mais um dia, um dia, um dia...
(Laís Angeiras)