quarta-feira, 29 de dezembro de 2010



Eu sou mesmo assim
Meio louca e quase poeta.
Não sou alegre e nem triste
E nem tão pouco, pouco...
Eu sou muito do tudo,
E de tudo o nada.
(...)
Eu sou um coração vadio
À procura de aventuras,
Que ao mesmo tempo quer
O mundo, e na mesma hora
Não quer nada!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010


(...) Nunca notou que mulheres como eu não são fáceis de se ter. São como flores difíceis de cultivar. Flores que você precisa sempre cuidar, mas que homens que gostam de praticidade não conseguem. Homens que gostam das coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua. Você, meu homem, é que não soube cuidar. E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado.

 Seja feliz.


(C. F. A.)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



Nada jamais fora tão acordado como seu corpo sem transpiração e seus olhos-diamante, e de vibração parada. E o Deus? Não. Nem mesmo a angustia. O peito vazio, sem contração. 

Não havia grito.

(Clarice Lispector)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou... Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso...
Preciso e não quero.

(Fernanda Mello)