É música o rigor com que te moves à fluida superfície do mistério, os pés quase suspensos, a aérea partitura do corpo, seus acordes. Espaço e tempo são teu solo. E colhem, não tanto a luz que entornas, mas o pólen com que ela cinge e arroja as coisas mortas além da espessa morte que as enrola. É música o silêncio que te cobre quando lampeja à noite tua nudez, em franjas derramada sobre o leito das águas, onde as algas te incendeiam porque semelhas, mais que o mar profundo, o intemporal princípio e fim de tudo.
(Ivan Junqueira)